Quando li a notícia de que o tucano se propôs a participar das prévias do PSDB, colocando-se à disposição do partido para sair como candidato à Prefeitura de São Paulo, desacreditei de sua postura de homem público sério, competente e compromissado com os interesses da população. Tais características vêm sendo desgastadas há tempos,
de eleição em eleição, e sua verdadeira roupagem emerge, principalmente agora, diante de nós: a de um politicozinho, como outro qualquer, cujas ambições e interesses pessoais se sobrepõem aos anseios e expectativas da população.
Serra nunca esteve, não está e nem estará comprometido com a cidade de São Paulo. Não nos esqueçamos de sua desistência, quando foi eleito Prefeito, em 2004 e se elegeu Governador de São Paulo em 2006. O famoso e inesquecível trampolim! Ou seja, neste ano,
ele quer apenas destaque, foco, holofotes, câmeras e microfones ao seu redor, para que possa erguer o seu palanque presidencial. Sim, porque o tucano quer mesmo é a Presidência da República e desbancar o PT e sua trupe do poder.
Sonho adormecido? Conte outra estorinha, Zé, porque essa aí não nos convence jamais.
Outro porém ronda o nossa realidade, para analisarmos a situação política atual.O episódio da repentina decisão do Serra, após ter dito diversas vezes que não sairia candidato à Prefeitura de São Paulo, me fez lembrar o que um dirigente do PT disse sobre a candidatura de
Lula em 2014: o ex-presidente só será candidato, caso seja constatado que a Dilma não tenha forças para se reeleger. Aí entraria o Lula na disputa, a fim de garantir a perpetuação do PT no poder.Tal relato nos remete à situação aqui em São Paulo, hoje. Todos nós sabemos que o PSDB é predominante no Estado e na Capital paulista. Neste ano, há uma ameaça ao poderio peessedebista, seja por causa do fator Chalita-PMDB, seja por Haddad-PT, mas existe uma ameça à espreita. Sendo assim, o PSDB se utiliza da mesma artimanha do PT:
usar o seu coringa José Serra, para garantir a sua perpetuação no poder. Afinal, lá se vão mais de 16 anos de história. Perder essa "boquinha" - que de "inha" não tem nada - para o tucanato corresponde a suicídio eleitoral.
Mas São Paulo quer, merece e buscará, em outubro,
renovação política e, infelizmente, José Serra não sairá vitorioso dessa disputa, pois, se eleito, representará a
estagnação e a mesmice na Capital; Serra será o porta-voz do retrocesso político e um aceite, por parte dos paulistanos, do que de pior há nas práticas políticas:
mentiras e jogos do poder - ou jogos de influências, se preferir -. O tucano mostrará o seu desleixo para conosco, uma vez que - repito - seu interesse não é o de cuidar da cidade e melhor nos representar, mas sim, o de cuidar dos interesses partidários e, acima de tudo, das suas ambições pessoais.
Em carta aberta encaminhada ao diretório municipal do PSDB, em que que se dispõe a concorrer à Prefeitura, Serra diz que, para ele,
"[...]a política não é uma atividade privada, objeto apenas da vontade e do desejo pessoal, ou fruto de ambição íntima. Encaro a política como atividade pública e coletiva, com propósitos determinados, destinada à promoção do bem comum e à melhoria das condições de vida de toda a coletividade". Então, por que não completou o seu primeiro mandato, em 2004? Ele ainda completa, apontando que aprendeu a
"[...]reconhecer que o interesse coletivo se sobrepõe, sempre, aos planos pessoais daqueles que abraçaram de fato a causa pública." Mentira! O interesse coletivo, em 2004, era o de você, Serra, permanecer como Prefeito até o final do mandato e isso não ocorreu, mesmo tendo assinado um documento em cartório.
E agora quer testar a confiança do povo paulistano, de novo? Serra, pra mim, eleitor paulistano, não é uma opção confiável. E olha que eu votei no cara, em 2010, para a Presidência, no segundo turno das eleições, hein!? Todavia, mantenho a minha opinião e a repito, para que você, caro leitor, também repense se vale a pena desperdiçar o seu voto no Serra, mais uma vez, e, ainda, para a Prefeitura de São Paulo:
José Serra não é uma opção confiável em 2012.O interesse do Serra não está na Prefeitura; ele pouco se importa com a cidade. Ele quer, como já disse, a Presidência. Veja o que ele diz na carta ao PSDB, quando comenta como será a eleição na maior cidade do País:
"Uma disputa entre duas visões distintas de Brasil[...]". Discuta São Paulo e seus problemas, Serra. Não use a eleição aqui, como revanchismo de 2010. Primeiramente, debata a Capital e não o seu projeto nacional.
Gostaria, de verdade, que o (pré)candidato em questão não desistisse do seu sonho e tentasse, mais uma vez, concorrer à Presidência da República, em 2014, só que, por favor, sem usar da Prefeitura de São Paulo como mecanismo para a realização de tal projeto político-pessoal.