Segunda-feira amanheceu mais cinza e menos verde, em virtude da despedida de Marina Silva da disputa eleitoral à vaga de primeira presidente do Brasil.
Em contrapartida, muitos - como eu - tiveram a oportunidade de dizer em alto e bom tom, o seguinte desabafo: Uuuufaaaaaa! Dilma Rousseff não venceu em primeiro turno.
Havia a p
ossibilidade de Marina ter rompido a polarização em torno dos dois "principais" partidos do país - PT e PSDB - e, inclusive, em alguns estados, isso até foi identificado, mas infelizmente não houve intensidade para tal façanha e a grande maioria dos eleitores optou por discursos menos ousados e consentiu apoiar o "mais dos mesmos" que aí estão nas disputas, sempre.
A verde "perdeu ganhando" de cabeça erguida: mais de 19 milhões de votos conquistados e a certeza de uma campanha limpa, propositiva, sem baixarias e com muita densidade.
Oficialmente, Marina não estará no segundo turno, porém, estará presente em cada um dos 19 milhões de eleitores que, sabiamente, concederão seus votos ao candidato menos pior e àquele que possuir mais condições técnicas para ser presidente da República.
Tira-se do resultado dessa eleição presidencial,
04 lições:1ª -
Jamais devemos subestimar uma candidatura, por mais frágil que possa parecer ou pelo simples fato de ser dessa ou daquela religião, ideologia, opinião, gênero etc; ou por ter grande, pequena ou nenhuma coligação partidária; ou por ter pretendido levantar bandeiras em prol de um determinado segmento.
Subestimar o potencial de uma candidatura é estar fadado a erros de cálculo, como ocorreu com Dilma Rousseff e José Serra, cujo desdém à chapa de Marina Silva fez com que perdessem eleitores. Não só eles, como o "ainda-presidente" Lula também menosprezou a verde, chegando a dizer que ela era
candidata de uma nota só.2ª -
Soberba e aquela sensação do "já ganhou" afugentam eleitores. Humildade, garra, apresentação de boas propostas, transparência, experiência política e biografia deverão ser o mote desse segundo turno para atrair os eleitores, principalmente os de Marina Silva. Sinto que a candidata do PT não nos honrará com tais requisitos, contudo, acredito que ela tenha jogado fora seu salto XV.
3ª -
Pesquisas de intenção de votos não nos dizem praticamente nada. Quem se baseou nas projeções dos institutos de pesquisa deve estar inconformado com tamanha assertividade. Mais um motivo para fechar os olhos a elas.
4ª - O cara, o Deus, o 80% de aprovação, o rei Midas, o do povo, aquele que está acima da Lei, o todo-poderoso presidente teflon, o nosso ainda mandatário-mor da Nação,
Luiz Inácio Lula da Silva, não possui tanta força como alardearam por aí. Mesmo com presença total na campanha da Rousseff, não conseguiu fazer com que seu ventríloquo ganhasse em primeiro turno.
Ah! José Serra, fique esperto! Você foi o que
mais perdeu nesse primeiro turno. Escapou de uma derrota vergonhosa nesse round inicial, graças à Marina. E se quiser chegar ao Planalto, é melhor repensar estratégias, senão será apenas lembrado, futuramente, como
o melhor presidente que o Brasil nunca teve.