Ao final de cada ano, a esperança de um tempo melhor, de uma vida mais bela e de um mundo mais humano renova-se. Mas a cada recomeço, novas decepções. Nada de concreto. Tudo permanece no campo das ideias e desejos. Nada se realiza de fato. Penso que vivenciamos uma mesmice hipócrita em cada alvorecer, pois o que se quer, de verdade, não é o que se precisa. E o que se precisa, pede-se sem intensidade, verdade e coragem para a realização. Isso dificulta vislumbrarmos uma nova era.
Até quando ficaremos nas falsas e vazias promessas de fim de ano, sem ânimo e fôlego para realizarmos a verdadeira transformação da nossa essência? Até quando ficaremos de braços cruzados vendo a degradação da nossa humanidade?
Quando é que vamos despertar para a verdadeira vida que há em nós e dar o primeiro passo para sermos mais racionais, sensíveis, responsáveis, íntegros, éticos, coerentes, enfim, mais humanos?
Façamos sempre que possível a seguinte pergunta:
quem somos nós? Essa é a questão a qual devemos refletir. Esqueçamos o “ter”, lembremo-nos do “ser”.
É desesperador – do ponto de vista do confiar em nosso semelhante – a maneira como nós, seres humanos, nos comportamos, agimos e relacionamo-nos uns com os outros: raiva no olhar; violência nas palavras e comportamentos; a recusa a uma mão estendida; a surdez burra; a cegueira ignorante e a indiferença, congelando corações.
Parece-me que, com o passar dos anos, estamos cada vez mais impacientes, descrentes e bestiais, o que é preocupante! Nosso lado animal tem vindo à tona com mais frequência, se sobrepondo à racionalidade em várias ocasiões do dia a dia. É o egoísmo a nos transformar. Pensar só em si mesmo, ignorando o próximo, desperta os nossos instintos mais primitivos...
Façamos essa reflexão. Olhemos para o nosso íntimo para que possamos resgatar, lá no fundo da nossa alma e coração, o que somos para o mundo, para o universo, para nós mesmos e para os outros ao redor.
Seja o feliz ano novo!Que tal falarmos menos e fazermos mais? Caso contrário, teremos de nos conformar com a máxima de que, “o que nos humaniza é o fracasso”.
Feliz atitude!